domingo, 27 de julho de 2014

Passo a semana aos trancos e barrancos. Mas o domingo só não é pior que uma sexta a noite.
A diferença é que a sexta é noite, e o domingo é o dia inteiro.
Dia de pensar? Ah, não. Eu penso muito todos os dias, estou sempre tentando ficar em paz ou me entregando. A depressão te deixa egoísta, você só pensa em você.

Eu sou egoísta, só gosto de falar de mim.
Só gosto de sofrer por mim. Só gosto de prejudicar a mim. Só gosto de chorar por mim.

Enfim, não pensei que enfrentar o que chamam de "recuperação" de uma crise severa de depressão, seria tão estranho. Eu pensei que um dia levantaria e mundo estaria como antes. Mas já entendi que não importa quanto tempo passe, é crônico.Isso não é um problema.

Fiquei muito tempo sem conseguir levantar da cama e hoje consigo, uma vitória? Sim, mas demoro no mínimo meia hora para tomar coragem. Acordo muitas, muitas vezes durante a noite, com a sensação de sempre: coração disparado, mãos suando e achando que de alguma forma, estou morrendo. Abro os olhos, percebo que está tudo bem, estou em casa, respiro e volto a dormir.

Sair? Inúmeras tentativas, faço de tudo, mas não posso evitar de contar que me troco 2h, 3h antes de sair de casa, só para não desistir de ir, foi a forma que encontrei de sabotar o instinto de permanecer no quarto.
Ainda não enfrento as madrugadas, não posso com ela.

As dores? Continuam. Caio, choro, dói, e meu Deus como dói! Minha opinião permanece: se eu pudesse escolher em quebrar os dois braços e as duas pernas ao invés de 5 minutos de depressão, nem pensaria, já estaria toda engessada.
É um mal que verdadeiramente não desejo à ninguém, de coração.

Mas agora tenho outro problema: a confiança das pessoas. Quando eu estava pesando 40 quilos, deitada na cama há dias, ninguém confiava em mim. Sabiam da minha fragilidade. Respeitavam aquele momento. Não haviam motivos para eu sair dali.

Hoje parei para pensar e percebi que eu, sempre tão exposta, estou fingindo.
Estou fingindo estar sempre bem, sempre disposta e curada, como alguns já me disseram.
Meu pedido é: por favor, não confiem em mim. Eu posso falhar, e minhas falhas costumam ser feias.
Eu não posso levar isso a diante, porque ainda sinto um piano nas costas. E não consigo carregar.
Sou extremamente depressiva, e extremamente empolgante. Poucos sabem lidar com isso.
Por tanto, não confiem em mim. Hoje estou escrevendo isso, amanhã talvez esteja escrevendo um roteiro de comédia.
Assim. Rápido mesmo.

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