domingo, 29 de dezembro de 2013

Carta para Paulo

Me lembro exatamente da primeira vez que te vi: de manhã, na faculdade. Você sentado encostado na parede com um lápis na mão, e, eu umas duas cadeiras atrás da fileira ao lado.
Ainda nas primeiras semanas de aula ninguém estava muito enturmado, mas, lembro que em uma aula X você disse: Aff, devia ter ido fazer aula de costura. Na hora pensei que você fosse gay, também por causa desse seu cabelo extremamente liso que até então eu não sabia que era natural, nasceu assim. Te invejo por isso, que fique registrado.
Foram-se formando pequenos grupos, e inicialmente não falava muito com você, mas, não sei exatamente em que momento desse primeiro ano começamos a matar aula para ir na doceria, éramos boas pessoas naquela época, risos...
Nos aproximamos e fomos estudar a noite. A doceria, obviamente foi trocada pelo bar. Bar do Toninho, que também fique registrado.
Ixi, aí perdemos o controle: bar, balada, praça, risadas, risadas, risadas, gargalhadas e mais gargalhadas.
Quantas histórias, quantos barracos. O assunto da segunda feira na faculdade: A BALADA DO SÁBADO.
Está tudo no off, porque convenhamos, são coisas que o mundo não precisa saber que fizemos. P-E-S-A-D-O.
A cada dia, sem perceber, nossa amizade de consolidava, se firmava, e eu já passava a te ver de forma diferente. Veja bem, tenho bons amigos e sou abençoada por isso. Mas comecei a perceber que podia de fato, confiar em você.
Fomos alvos de vários boatos, até hoje dizem que temos um caso, e temos mesmo, um caso de amor profundo. hahahahah Ai, me sinto uma personagem da Malhação com essas histórias. <3
Enfim, você esteve presente em diversos momentos importantes da minha vida,  poucas pessoas me conhecem tão bem como você.
Você conhece a Débora apaixonada, a Débora com ódio, a Débora fútil, a Débora burra, a Débora feliz, a Débora triste, a Débora escandalosa, a Débora humilde, e a trágica Débora por trás da máscara.
O mundo deu muitas voltas desde que nos conhecemos, mas em um momento o meu ficou preso lá embaixo. E eu desabei.
Hoje consigo enxergar a situação com mais clareza do que alguns meses atrás, sempre te chamei de anjo, e sem dúvidas, você é meu anjo.
Eu sei que tudo o que você pôde fazer por mim, você fez.
Você poupou meus ouvidos das más línguas, você me protegeu das fofocas e não exagero em dizer que você me protegeu da morte, você sabe disso. E eu sei que em muitos dias você engoliu sua dor para ajudar a carregar a minha. Eu absolutamente NUNCA na minha vida vou me esquecer disso.

Nunca.

Você procurou saber o que era uma depressão para me ajudar, orou por mim, me abraçou e principalmente, me ouviu. Não é a toa que os únicos números que tenho decorados em mente são o da minha casa, da minha tata e o seu. Às vezes tenho dó de você quando lembro das minhas sofridas ligações, sinceramente, eu não queria estar no seu lugar.
Eu tenho tanta, tanta, tanta coisa pra te dizer, que poderia escrever um livro ahahahahaha, sou muito grata por te ter ao meu lado.
No ano em que eu perdi a confiança nos seres humanos, eu tive você ao meu lado me mostrando que sim, ainda existem pessoas de caráter e com um coração lindo, mais lindo do que o mundo inteiro.
No ano em que tantos se afastaram, você se aproximou e da sua maneira não deixou que eu me sentisse desamparada.
Você é abençoado. Eu tenho absoluta certeza que em meio as dificuldades da vida, Deus vai te proporcionar muitas alegrias que farão tudo valer a pena, acredita em mim, Ele te olha.

Tudo isso é só para dizer: Obrigada.
Você nunca será só mais um amigo, só mais um conhecido, só alguém que passou.
Te quero por perto pra sempre, sei que fisicamente será impossível, mas em coração eu garanto.
Você não é meu amigo. Você é meu irmão e eu te amo, de verdade.
Você me carregou e ainda me carrega quando preciso. Minha gratidão não cabe dentro de mim, muito menos dentro deste texto, ela é do tamanho do mundo, mas principalmente maior do que a dor que só você sabe que carrego no peito.
Fica com Deus. <3

ps* publico no fb porque sou exposta, já discutimos sobre isso, me deixa em paz.
Com a dor e a alegria que cada situação mereça, que assim seja.
Intenso, mal pensado, bagunçado, jogado, escândalo, errado, certo, de qualquer jeito, mas, sincero.
Eu nasci pra isso.
Eu não tenho nada, mas eu quero tudo que permita que eu seja EU. Do resto, abro mão.
Que doa, que sangre, que seja insuportável, mas que eu aprenda a suportar.
Que seja lindo, apaixonante, amante, e que eu nunca tenha medo de amar.
Que eu ame. Que eu me ame cada dia mais.
Que haja paz.
Que eu continue difícil, só os difíceis me percebem. Nunca tive nada fácil.
Que eu vença, mesmo quando ao olhos dos outros eu esteja perdendo. Eu estou crescendo.
Que eu aprenda a engolir a fraqueza dos covardes. A vida ensina os ensina.
Que tudo seja forte, selvagem, humano, corajoso, livre e principalmente, belo

sábado, 28 de dezembro de 2013

Não sou reservada. Me exponho. 

Vocês não me julgam e eu lido com as consequências.
Sou um amontoado de fantasmas.
Normalmente surgem sem serem convidados a noite, no mais profundo do meu sono, e, o que seria céu, torna-se inferno.
Quando acordo eles ficam me rodeando durante todo o dia. Eu os odeio.
Com tudo, às vezes abro minha porta para eles, deixo-os entrar, faço um café, ofereço bolachas, e permito que façam minha alma sangrar.
Ah, eles me machucam de tal forma que não sei como suporto a angustia de tê-los tão perto de mim. Mas sei que não posso ignorá-los, eles existem.
Me fazem chorar, torturam. Mas preciso dar as caras e enfrentá-los pois fazem parte de quem sou.
Tem alguns tão velhos, e alguns novos.
Aprendi que eles devem ser aceitos, encarados e olhados. Olho no olho.
Faço isso e eles demoram mais para voltar.
São como inimigos que ignoramos e então perdoamos.
As feridas não saram, só secam. Não morrem, se afastam.
Todos temos nossos fantasmas, mas quando deixamo-os entrar e sentar à nossa mesa, eles vão embora com o pensamento: quem é essa garota que nos serviu café chorando? Em breve voltaremos para visitá-la.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Onde o imperfeito pode ser lindo.
Enxergar a beleza do estrago, do caos, da melancolia.
Porque o inferno é aqui e não temos outra opção.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Com a dor e a alegria que cada situação mereça, que assim seja.
Intenso, mal pensado, bagunçado, jogado, escândalo, errado, certo, de qualquer jeito, mas, sincero.
Eu nasci pra isso.
Eu não tenho nada, mas eu quero tudo que permita que eu seja EU. Do resto, abro mão.
Que doa, que sangre, que seja insuportável, mas que eu aprenda a suportar.
Que seja lindo, apaixonante, amante, e que eu nunca tenha medo de amar.
Que eu ame. Que eu me ame cada dia mais.
Que haja paz.
Que eu continue difícil, só os difíceis me percebem. Nunca tive nada fácil.
Que eu vença, mesmo quando ao olhos dos outros eu esteja perdendo. Eu estou crescendo.
Que eu aprenda a engolir a fraqueza dos covardes. A vida ensina os ensina.
Que tudo seja forte, selvagem, humano, corajoso, livre e principalmente, belo.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Então estou procurando emprego.
Além do currículo, portfólio e afins, algumas (quase todas) empresas pedem para você se descrever de forma breve e enviar no corpo do e-mail.
Já acho bem estranho, ninguém vai se descrever como realmente é.
Eu por exemplo, me irrito com essa mania das empresas porque nunca sei o que escrever. O que eles devem saber sobre meu profissional está no currículo e que me chamem para uma entrevista para saber como sou.
Sou colocada a prova quando preciso escrever essas 8, 10 linhas sobre mim, porque preciso mentir para escrevê-las.
Sim, todo mundo me diz: Débora, separe o profissional do pessoal do financeiro do sentimental da alma do corpo e do espirito santo, amém. Não consigo. Eu me vejo assim, como um negócio só, sabe?
Não sei separar nada de nada e a vida que me aceite ou eu que me f***. Ultimamente tenho me f***.
Se eu fosse sincera com as empresas, minha apresentação seria mais ou menos assim:

Olá, me chamo Débora. No momento estou na merda e copiando e colando essa apresentação para mais 13 vagas, sou super comunicativa, aliás adoro falar, me exemplifico para contar histórias normalmente difamatórias. Vivo dopada por remédios, mas nada que me atrapalhe, tirando os momentos em que tenho crises existenciais e choro como se não houvesse amanhã. Tenho uma elegância inegável para sentir, sinto tudo: alegria, tristeza, paixão, ódio, amor, raiva. Tudo isso em 10 minutos. Mas sei fazer um belo barraco, se for necessário, é claro.
Tenho muita força de vontade, ainda mais quando a coisa é do meu interesse.
Sou um vexame.
Obrigada


quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Tarjas pretas, ópio, absinto, o que tiver mais.
Eu quero o mais forte, eu quero o que acaba, o que leva.
Se minha loucura te alcançar, me puxe pelo braço, me dê mais uma dose e vamos cair nesse abismo.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Sofrer por amor publicamente é poesia.
A mulher fica até mesmo elegante com o rosto escorrido de lágrimas sinceras.
Admitir que está doendo é coragem, as moças fracas logo vão colocando sua mini saia para dizer ao mundo que está tudo bem. Chega a ser cafona.
É bonito vê-las em um luto temporário, que sim, ela sabe que vai passar pois não é a primeira vez, talvez nem a última.
É bonito porque é humano.
As lágrimas são tão inspiradoras quanto um sorriso.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Almas rasgadas tão cedo. Roubaram a inocência intocável dos jovens, machucaram as mãos, os olhos, as pontas dos dedos, a boca, a língua.
Mataram-os.
Mataram-nos.
Mataram-me.
Nossos corpos intactos prontos para gozar. Nossa alma, ferida aberta.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Esquecíveis são as pessoas que abrem mão de qualquer coisa para manter uma farsa.
Sofrer publicamente chega a ser poesia, me reconheço como humana toda vez que vejo um homem chorando, uma mulher histérica ou qualquer coisa que faz parte de nós, mas que nos ensinaram que é errado demonstrar.
Quem se apresenta como é, é como deve ser. Esses sim, são inesquecíveis.
Descansa tua máscara. Que venham seus fantasmas, suas dores, suas mágoas.
Rasga a ferida e deixa doer. É preciso.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

É muita gente dispersa. O foco está errado. O caráter está destruído. Os sentimentos esquecidos.
Eu quero dinheiro e pra isso eu vivo.
Eu quero amor e por isso eu morro.
Estou morrendo.

Eu imagino a vida como um senhor sentado na praça apontando o dedo na minha cara e em crise de riso.
Eu estava petrificada.
Encolhida na cama, fazia um esforço absurdo para mudar de posição.
Lembro que sentia o celular vibrar ao meu lado e meu braço não se movia para atendê-lo. 
Não era uma fraqueza do corpo, e sim, da alma. Cada centímetro era dor.
Eu queria abrir a boca e pedir a Deus um alívio mas não conseguia, então, em pensamento clamava para ele com toda sua unipotencia, aliviasse aquela sensação nem que fosse por 5 minutos. Achava que nesse tempo teria um folego de vida que não me deixaria morrer depois.

Sobre a depressão

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Eu tenho alguns medos da vida, mas, nenhum supera a majestosidade desse dentro de mim.

Era janeiro, eu estava entrando no shopping,
PÁ! Não sei o por que, mas minha cabeça fotografou esse momento que mesmo hoje, em dezembro, poderia descrever cada loja e cada pessoa da minha fotografia mental. Na época eu não sabia, mas estava vivenciando um estado de felicidade plena. Plena. Não havia nem um pedacinho de mim que não fosse sorriso.
Eu lembro de ter olhado para frente e pensado no quanto eu tinha motivos para estar bem, feliz, estonteantemente sorrindo. Eu deveria ter dado mais valor à isso.

Meu maior medo é esse. De nunca mais ter a benção de sentir de forma tão completa a alegria.
Não, não sou triste. Sim, vivo muitos momentos de felicidade. Mas não plenos.
Fico em dúvida se, esse buraco que existe dentro de mim, por menor que esteja, vai impedir para sempre que eu tenha a honra de fotografar qualquer lugar com a mesma sensação, porque ao mesmo tempo que tenho a certeza de que essa pequena escuridão irá me acompanhar a vida inteira, às vezes penso que Deus irá me dar uma segunda chance de sentir essa plenitude de felicidade e, digo olhando pro céu que hoje eu daria muito mais valor à ela.

Na época eu não sabia que aquilo era um privilégio, achava que era assim porque tinha que ser assim. Porque eu sabia o que era tristeza, mas não o que era sofrimento.
Meu medo, meu maior medo é o saber, é ter a certeza de que essa plenitude existiu e passou pela minha vida e não  pude percebê-la e aproveitá-la mais e, hoje, depois de tantos estragos e de um caos pleno na alma ela não volta mais.
Não, não daquela forma. Não como aquele dia. Não como aquele momento.