quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Eu queria me matar. Queria muito. Mas não tinha coragem.
E não existe nada pior nessa vida do que você querer muito fazer algo e não ter coragem, nos sentimos fracos e com a sensação que deixamos passar uma oportunidade.
Não era diferente quando o assunto era a morte. Me sentia fraca e estúpida por não ter capacidade de realizar algo que queria tanto, um solução rápida com alívio imediato para todo meu cansaço.
Atravessava a rua esperando um carro me atropelar, esperava alguém me empurrar na linha no metrô, na chuva, torcia pro raio cair na minha cabeça. Dessa forma não seria minha culpa, seria acidente, e as pessoas perdoam o acidente, mas o suicídio é condenado. E para não carregar o julgamento pós morte das pessoas, preferia levar um tiro num assalto ao banco.
É, eu sei, o assunto é pesado. E é pesado porque ninguém fala sobre, ninguém tem coragem. Talvez se fosse abordado com mais clareza e menos sensacionalismo, pessoas que pensam hoje da mesma forma que pensei um dia, saberiam que não são as únicas, e só de saber que não é o único já é um piano tirado das costas.
Eu queria dizer que o tabu existe porque a maioria das pessoas são egoístas e não se colocam no lugar no outro, não pensam, não refletem no que se passa na cabeça de alguém para chegar ao extremo de achar que não vale mais a pena tentar. O tabu é o egoísmo.
Se esse tabu não existisse, e o suicídio fosse tratado de forma mais humana, mais pessoas teriam a oportunidade e a coragem de dizer que, por mais desesperador que seja viver, ainda vale a pena, e que o verdadeiro suicídio acontece quando as pessoas vivem no automático e se esquecem de viver o que querem para viver o que os outros querem. Existem milhares de mortos vivos por aí.
Sim, às vezes dói viver, é pesado. Mas também pode ser leve, e a cura existe, mesmo não sabendo onde ela está. Basta saber que ela existe.

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