sexta-feira, 3 de abril de 2015

Entrou uma senhora, bem velha, talvez não pela idade que eu não sei, mas pela corcunda e rugas fundas e os olhos baixos, caídos.
Suja, com várias sacolas de pães velhos na mão.
Os seguranças do shopping já ficaram à espreita.
Ela me chamou e perguntou se eu poderia trocar uma nota de cem reais para ela, como eu não podia, aconselhei ela ir ao Bobs do lado pedir. Eles não trocaram, ela foi em outro restaurante, não trocaram. 
Não trocaram em lugar nenhum.
Ela, inocente, andando pra lá e pra cá com a nota de cem balançando na mão sendo seguida por seguranças, enquanto eu fiquei cuidando das sacolas dela.
Por fim, trocaram o dinheiro dela no Giraffas, mas a fizeram comprar algo.
Voltando, os seguranças perguntaram para a senhora de pés inchados, mãos calejadas e olhos cansados de quem ela havia pegado aquele dinheiro.
Ela só respondeu dizendo que uma mulher deu à ela e saiu andando para pegar suas sacolas comigo.
Tão sofrida e pura, ela me olhou e disse: "os moço desconfiaram do meu dinheiro, mas tudo bem, porque eu também desconfiei, acho que ela queria me dar dois real e se trapaiô, ninguém dá cem reais pra ninguém".
E foi embora, com os pães velhos e o dinheiro trocado.
Amanhã ela terá um dia bom.

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